Aí então, na hora que eu estava voltando pra casa, no ônibus mais cheio do que de costume, eu fiquei reparando uma conversa entre duas, provavelmente, colegas de sala.Não que seja uma atitude apreciável da minha parte, mas foi o que eu fiz. Enfim...
Uma das meninas contava, empolgadíssima, como no final de semana, o agora namorado, havia pedido sua "mão em namoro" para o pai.O mais curioso é que a segunda menina estava visivelmente desinteressada no assunto.
Achei a situação interessante, e como futura psicóloga que pretendo ser, comecei a analisá-la.Primeiro pensei que a "namorada" era tão egoísta e fútil que nem se importava que todos no ônibus ouvissem sobre sua vida particular,e também, poxa, tem tanta coisa mais importante acontecendo para ser falada... Além disso, sua ouvinte se mostrava tão indiferente que dava a impressão que seu final de semana tinha sido, algo assim, uma tragédia grega, e que a conversa seria beem mais interessante se os papéis se invertessem.
Depois, pensando melhor sobre o assunto, vejam que loucura a minha, eu percebi que não se trata apenas das duas personagens da minha narrativa, nem só de mim, nem de qualquer um: de um modo geral as pessoas são tão egoístas que só pensam em satisfazer suas carências e não estão nem aí pro que aquela pessoa que está todo dia com ela, no ônibus, na escola, ou onde quer que seja está sentindo.
Mas há uma grande diferença entre as pessoas que simplesmente falam de suas carências, para se fazerem de coitadas e aquelas que compartilham com você suas sensações e percepções, o que eu considero uma atitude extremamente nobre e corajosa.
Na minha visão, a menina do ônibus foi extremamente infeliz, quando agiu daquele modo, porque estava muito claro que o seu único objetivo era chamar a atenção de quem estava por perto, e pelo visto, o que ela conseguiu foi uma colega aborrecida, e, mesmo que isso não tenha influência na vida dela, minha reprovação.
Por outro lado, fico extremamente feliz ao lembrar de frases dirigidas a mim como "sinto falta dos meus sobrinhos"," dói muito lembrar dela","amanhã faz um ano que meu avô faleceu.Ele me faz falta.",e "Pensei num poema,mas ele não foi capaz de traduzir o encanto mágico de uma amizade abençoada por Deus..."
São pessoas como essas, que dão a cara a tapa por mostrar seus sentimentos, sem medo de serem julgadas e especialmente sem esperar a piedade dos outros, que me fazem acordar todos os dias e pensar: ainda dá tempo, ainda tem jeito...
Confesso que eu mesma não tinha coragem suficiente para mostrar o que sinto sem esperar nada em troca, e por isso muitas vezes guardei aquilo para mim.E é verdade, já me arrependi muitas vezes disso, mas agora, tenho esse blog, que é onde eu aprendi a falar sem medo de ser feliz...
Até qualquer dia,
Um beijo,
Ana